Se uma empresa esgota e joga na rua a água da chuva empoçada nenhuma taxa de outorga ela paga. Se a usar para refrigerar motores, tem de pagar.
Investir no Nordeste é ainda mais difícil porque, além da mesma burocracia e da mesma tradição corporativa brasileiras, há as condições hostis do clima e do solo.
Um exemplo dessa dificuldade a coluna registrou ontem: a Companhia de Cimento Apodi é obrigada a pagar uma taxa de outorga porque usa água da chuva – acumulada em uma pedreira ao redor de sua fábrica – para refrigerar seus motores.
Se essa mesma água, simplesmente, fosse esgotada, nenhuma taxa seria cobrada da Apodi. Parece absurdo, não é? E é um absurdo.
A divulgação desta informação provocou manifestações de protesto de empresários de outros setores da atividade econômica.
Um deles, com atuação na agroindústria e na avicultura revelou, por uma rede social, o que se segue:
“Horrível e triste! (a informação sobre o que acontece com a Apodi).
“Tenho um poço profundo, do qual jorra água salgada. Tenho de dessalinizar a água duas vezes para poder usá-la na caldeira. Nesse processo de dessalinização, perco 50% da água. Mas pago (a taxa de outorga) sobre toda a água que retiro do poço, mesmo só usando 50%”.
Ele concluiu assim o seu protesto: “Se água do SAAE não tivesse cloro, sairia 50% mais barata”.
Um grande agropecuarista, na mesma rede social, depois de escrever um palavrão, afirmou que “alguém tem de se indignar com o que está acontecendo no Ceará com respeito à água e à energia”.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Egídio Serpa
Fonte: Portal | Diário do Nordeste
Foto: Reprodução