Paulo Baron, empresário da Top Link Music, produtora que já trabalhou com shows e turnês de bandas como Anthrax, Bon Jovi, Bruce Dickinson, Dio, Megadeth, Motörhead, Scorpions, Twisted Sister, e muitos outros em mais de 30 anos de atividade, participou de uma entrevista ao canal de Thales Queiroz no YouTube. No trecho abaixo, transcrito pelo Whiplash.Net, Paulo explicou suas razões para cobrar de bandas que fazem shows de abertura em seus shows, confira.

"Um palco custa muito dinheiro. Para um show em uma casa de shows em São Paulo, por exemplo o Tom Brasil, fazer um show simplesmente sem público, ele já vai precisar, para esse show poder funcionar, de 2.000 pessoas, sem abrir, ou seja, antes de abrir a porta da casa precisará ter 2.000 pessoas para você poder cobrir os custos de uma casa como o Tom Brasil, as vezes 1.500 a 1.700, dependendo do valor do ingresso."

"Se você faz o show com todos sentados você cobra mais caro pois aí se reduz a capacidade e as pessoas tem uma comodidade maior, só que aí se reduz à metade, e o que acontece? O ingresso fica mais caro."

"Agora, pense, se você já começa perdendo em um show, que você nem está colocando o mínimo de 2.000 pessoas, por que você colocaria uma banda que você não conhece e não te puxa público? Só existem dois motivos, porque você quer apoiar ou porque você quer justificar alguma coisa. No meu caso, qualquer um dos dois, justificar, que seja, porque você quer justificar 'pois esses caras são meus amigos', ou são amigos da banda, ou o segundo caso, se uma banda que eu vejo que tem um potencial, qualquer um dos casos ela precisa pagar e eu vou falar a razão: a quantidade de pessoas e de bandas que estão prontas são muitas."

"O que eu vou dar para um artista que está pagando, vamos supor, para abrir o show. Primeiro, em meus shows não entra qualquer artista ou qualquer músico que pagou apenas porque pagou. Primeiro se escuta pra ver se eles tem qualidade. Se essa banda não tem qualidade, por mais que ela pague o dobro não vai tocar. A minha ideia é que ela paga, mas não está pagando, está investindo em publicidade. O que eu faço? Eu coloco o logo deles em toda publicidade, eu coloco eles inclusive em minhas chamadas de rádio, então se o cara quisesse investir sozinho em uma chamada de rádio ele gastaria o triplo, e você está dando público para que eles toquem, para o público que não foi assistir eles, foram assistir a banda (principal), em meu palco."

"As pessoas não entendem mas eu considero assim: os shows da Top Link Music, eu sinto que mesmo o artista é meu convidado para tocar em minha festa, e o público é meu convidado que paga para também fazer parte de minha festa. Então toda essa máquina tem que ficar perfeita. Por que você ofereceria um palco a alguém que não quer pagar, que não está preparado para pagar. Eu muitas vezes falo para uma banda: 'Sabe, você não tem que pagar, então faz publicidade, investe pelo menos em tuas redes sociais, 2, 3, 4 mil reais, faz uma publicidade, faz uns flyers'. Ele tem que fazer alguma coisa para poder também merecer o palco em que ele está. Por que teria que dar um palco simplesmente de graça? Não faz sentido, é meu trabalho."

"Lembre-se, você que está escutando aqui pode estar ou não estar de acordo, mas lembre-se de uma coisa, eu trabalho nisso, é meu único trabalho nessa cidade. Você certamente trabalha em um banco, você é um engenheiro ou simplesmente você é um estudante, como que você conseguiu seu instrumento se você quer ser músico? Deve ter ganho, ou se você comprou ele você deve ter investido, então quanto custou esse investimento? Tá entendendo? Tudo tem um valor, infelizmente."


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Emanuel Seagal

Fonte: Whiplash.Net

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