Natural de Fortaleza, no Ceará, Suelem Bezerra Almeida, 32 anos, é a caçula de quatro filhos na família - são dois irmãos e uma irmã. A mãe Alzira, seu maior exemplo, cuidou de todos sempre sozinha, enfrentando obstáculos para dar conta de tudo. “Minha mãe é uma é uma guerreira. Com ela aprendi ter as rédeas da minha própria vida. Era muito amorosa, porém, muito rígida”, recorda Suelem. 

Com apoio da família, Suelem começou sua vida profissional em 2018, confeccionando e vendendo roupas de moda praia. Não durou muito e seu negócio quebrou, o que a fez iniciar a busca por uma nova profissão, pois havia sido apenas microempreendedora individual. “Quando meu negócio acabou, eu precisei procurar uma outra atividade e me reinventar. Vi no Facebook uma publicação falando sobre a profissão do sinaleiro portuário e isso me interessou”, relembra.  

Suelem sempre gostou de desafios e, como precisava se manter, investiu na nova carreira. Foi morar em Santos (SP) e fez 11 cursos na área de Movimentação de Carga Portuária. Durante um mês e meio, permaneceu no alojamento do curso, se capacitando para o setor. Ao terminar a formação, retornou a Fortaleza e iniciou sua busca pela primeira oportunidade na área de Movimentação de carga portuária. 

Antes de chegar a Ocyan, trabalhou em outras duas empresas do ramo, como operadora de guindaste e também na sinalização para movimentação de carga. Mas foi em 2021, que conseguiu realizar seu sonho: uma vaga de trabalho na Ocyan, empresa do setor de petróleo, e se tornou a primeira Mulher de Área da companhia, em Macaé (RJ). 

“Já acompanhava a empresa há bastante tempo e aqui pretendo ficar por muitos anos. Ter um perfil em uma rede social ligada ao mundo profissional me ajudou bastante. Como sempre acreditei que a mulher pode trabalhar onde ela quiser, corri atrás, mandei vídeos para muitas empresas.  Uma vez vi uma vaga de auxiliar de plataforma e me inscrevi. Deu certo e me tornei a primeira mulher de área da Ocyan”, comemora. Na função, Suelem é responsável por fazer amarrações da carga, checklist dos acessórios de movimentação de carga e alinhamento com o operador para o içamento da carga até o destinou final.

Ela acredita que sua conquista pode inspirar muitas mulheres e mostra que há empresas, como a Ocyan, que oferecem oportunidades. “Não é uma conquista só minha, é de todas as mulheres. Foi uma barreira quebrada e uma oportunidade para mostrar que somos capazes de trabalhar no pesado, que temos ambição e inteligência para alçar voos mais altos. Não há limites para quem sonha e corre atrás”, comemora.

Seus planos não param por aí e, mesmo longe da família, ela quer continuar em Macaé, na Ocyan, e crescer profissionalmente. Solteira, ainda pensa em casar e ter filhos, mesmo trabalhando em ambiente offshore, ou seja, embarcada em sondas de perfuração de petróleo. Acredita que não precisa anular o sonho de ter uma família em função do trabalho. Ela se inspira em exemplos que mostram que dá para conciliar a vida pessoal com a profissional. “Eu vejo colegas de profissão que conseguem trabalhar embarcadas e seguir uma vida normal. É preciso só se planejar, se estruturar”, conclui. 

Mas antes, Suelem deseja lançar seu livro direcionado àquelas que, como ela, queiram enfrentar e vencer desafios. No “Mulheres de Área”, ela vai descrever como é o trabalho de movimentação de carga onshore (em terra) e offshore (no mar), além dos desafios que elas vão encontrar no setor. A vida para Suelem não para nunca. Nas horas vagas, quando não está trabalhando embarcada, gosta de se aventurar na cozinha, além de tocar violão, se conectar com amigos e soltar a voz no karaokê.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Renata Piñeiro

Fonte: CDN Comunicação

Foto: Reprodução