“Bom dia, Celeste, meu... Meu nome é Davi Sampaio, moro na Tibúrcio Cavalcante, 2405, e Celeste, meu prédio caiu, tô debaixo da estrutura. Por favor, me ajuda!”. A ligação era mais uma das recebidas pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) naquela manhã de terça-feira, 15 de outubro, para avisar sobre o desabamento do Edifício Andrea, no bairro Dionísio Torres. O pedido do morador soterrado ecoou nos cinco dias seguintes, quando cerca de 500 agentes de segurança e voluntários, de Fortaleza e outros municípios, atuaram para buscar vidas sob toneladas de ferro e concreto, numa corrida contra o tempo.

Os trabalhos de resgate duraram mais de 103 horas. Entre as centenas de colaboradores, 135 bombeiros se revezaram 24 horas por dia para procurar e socorrer as vítimas. Além deles, brigadistas, médicos, socorristas, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, policiais, agentes de trânsito e civis imergiram naquele quarteirão marcado pela dualidade entre dor e esperança. No fim, das 16 pessoas sob os escombros, sete foram resgatadas com vida.

Legado técnico

Após o Andrea, o Corpo de Bombeiros aprimorou técnicas de salvamento. A 1º tenente Ana Carolina Campos chegou a concluir o nível Avançado do Curso de Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas (BREC), em Minas Gerais, com foco em escoramentos complexos e penetração em escombros. “A gente está no rumo certo, treinando, se especializando e se preparando antes das tragédias acontecerem”, garante o coronel Eduardo Holanda. “O grande legado que ficou é o investimento no homem, principalmente no conhecimento, e em equipamento e tecnologia, para que a gente possa dar o melhor retorno possível ao nosso cidadão”.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Nicolas Paulino

Fonte: Diário do Nordeste

Foto: Natinho Rodrigues