Uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo revelou que Antônio Carlos Rosa de Oliveira (o Cacau) e José Antônio Rimes (o Tonho) processaram os cantores Milton Nascimento e Lô Borges, bem como a gravadora EMI e a editora Abril, por uso indevido de imagem e danos morais. A dupla passou décadas sem saber que aparecia na capa do disco "Clube da Esquina", lançado em 1972.

A ação tramita desde 2012 na Justiça e a indenização pedida é de R$ 500 mil. Cacau e Tonho declaram que só descobriram que estavam na capa do álbum após a jornalista Ana Clara Brant fazer contato para entrevistá-los. Na época, o jornal para o qual ela trabalhava, "Estado de Minas", estava produzindo uma reportagem sobre os 40 anos do "Clube da Esquina".

A imagem foi produzida em 1971, em uma área rural próxima a Nova Friburgo, no Rio de Janeiro. O autor da foto é Cafi, falecido em 2019. Muitos acreditavam que o clique retratava Milton Nascimento e Lô Borges quando crianças.

De acordo com a "Folha", já faz um ano que o processo está parado. Os envolvidos transferem responsabilidades: Milton Nascimento e Lô Borges, bem como a Abril (que relançou o trabalho), dizem que a EMI (hoje, integrada à Universal) deve responder, enquanto a gravadora aponta Ronaldo Bastos, um dos compositores do Clube da Esquina, como o responsável, já que ele teria cedido, em contrato no anod e 2007, os direitos relacionados ao material gráfico do disco.

Milton Nascimento e Lô Borges se defendem alegando que o caso já prescreveu e que eles não são responsáveis pelas imagens do encarte: apenas foram contratados para gravar as músicas. A EMI, por sua vez, afirma que o valor de indenização cobrado é "astronômico", que os danos apontados na ação não trazem nenhum sofrimento moral e que a imagem dos então meninos não representam quem eles são hoje.

Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Igor Miranda
Fonte: Folha de S. Paulo
Foto: Reprodução